Ao invés de um Jesus milagreiro calhou-nos um Jesus
mártir.
Se é certo que não fomos bafejados pela sorte na final
de Amesterdão, não é menos verdade que é ténue a linha que separa o azar da
incompetência. Houve garra, atitude mas tivéssemos marcado e não estaríamos
perante este triste fado. E já agora alguém me explique por favor porque é o
Jesus decidiu abdicar de um lateral esquerdo aos 60 e poucos minutos. Não lhe
bastou a asneirada contra o Estoril? Alguém reparou que todos os ataques do
Chelsea passaram a ser por esse flanco apesar de toda a entrega de Gaitan?
Mas se a derrota de ontem é admissível (tendo presente
porém que há dois anos fomos afastados nas meias-finais desta mesma Liga Europa
pelo Braga), como podemos pactuar com a entrega de mão beijada de dois
campeonatos ao Porto? A menos que se assista ao Milagre de Paços (pouco
provável dado que para os pacenses o jogo é a feijões), atribuiremos também
ao destino a forma desastrosa como soubemos não ganhar dois campeonatos?
Para aqueles que defendem a continuidade de Jesus
porque (alegadamente) a equipa joga bom futebol, porque sabe valorizar os
jogadores e reconquistou o “prestígio” europeu, pergunto-lhes:
Bastamo-nos agora com vitórias morais? Contentamo-nos
em ser o clube do quase?
Dos “fracos” não reza a História, esta faz-se de
vitórias, de títulos. Foi assim que o Benfica conquistou o seu lugar entre os
grandes do Futebol.
Não nos esqueçamos igualmente das intermináveis
teimosias de Jesus. A defesa dos jogadores é de louvar mas torna-se anedótica
quando o seu protelar prejudica gravemente a equipa, pervertendo, pelo
contrário, o seu espírito. Lembremo-nos dos episódios Émerson e Roberto,
para não falar de outros menores. De forma quase antagónica, porque não se aposta
em jogadores como Nélson Oliveira e Miguel Rosa, porque não são dadas mais
oportunidades a Urreta e Miguel Vítor.
Como Benfiquista ferrenho defendo que Jesus deve
encerrar o seu ciclo no clube. Um campeonato e três Taças da Liga em 4
temporadas é pobre pecúlio para quem chegou a afirmar lutar pela Champions.
Aos que querem fazer de Jesus o “Ferguson do Benfica”,
direi que estamos mais no caminho de ter o (Arsène) “Wenger da Luz”…Bom
futebol, muita bazófia e poucos resultados para mostrar.
Oxalá um golpe de sorte me mostre que estou errado...