Com a crise económica e a agravante do período de férias são muitos os que
abandonam os seus animais de estimação. Esta realidade, não olvidando as
dificuldades por que passam muitos portugueses, é consequência do não
cumprimento de duas premissas chaves: (i) Para se ter um animal de estimação é
necessário ter condições (ii) Ter um animal de estimação implica um
compromisso, a assumpção de responsabilidades e não a mera satisfação de um
capricho ou de uma moda passageira.
Falemos hoje especificamente de cães. Infelizmente são cada vez mais os
cães abandonados e vítimas de maus tratos que deambulam pelas ruas, carregando
um olhar triste e vazio que nos compadece. Por outro lado, outros há que
isolados, e perante a necessidade de sobrevivência, vão-se acumulando em
matilhas que, num vínculo de protecção de grupo, tornam-se por vezes numa
ameaça para os transeuntes mais desprecavidos com os lamentáveis resultados que
se conhecem.
Posso dizer que gosto de cães, sobretudo de cães grandes. Tenho uma tia
criadora de Serras da Estrela, de longe a minha raça preferida. Infelizmente,
não por uma questão de espaço mas pelo ritmo alucinante que levo no dia-a-dia,
não me posso dar ao prazer de ter o “fiel amigo” como companheiro. Não estaria
a ser justo para com ele nem para com os meus princípios.
Se é criminoso abandonar animais de estimação à Fortuna, não menos é tê-los
sem condições por mero capricho pessoal. Como é possível que haja pessoas que
enclausuram cães de médio e grandes porte em apartamentos minúsculos, donos que
remetem galgos e outras espécies mais enérgicas a meia dúzia de metros
quadrados sem lhes proporcionarem a mais pequena noção de exercício. Isto tem
um nome, Egoísmo!
Cada cão tem as características próprias da sua raça mas acima de todo tem
a sua própria individualidade, as suas particularidades que o tornam único. Tal
como com as crianças é necessária dar-lhes a devida educação. É necessário
treina-los por forma a uma integração sem sobressaltos na sociedade e mesmo no
trato com outros animais.
Tenho infelizmente uns estupores de uns vizinhos que têm um cão arraçado de
perdigueiro e outro meia-leca que desconheço a origem e que ladram
desalmadamente dia e noite sem que os donos esbocem a menor preocupação ou
interesse. No respeito pelos próprios animais e desde logo pelos vizinhos, é
necessário tomar certo tipo de atitude. Se falhámos ou, e este é o caso,
negligenciamos puramente o treino e educação dos animais há que tomar pelos
menos medidas que mitiguem o mau estar causado. Lá vou ter que me chatear
novamente por causa de um par de imbecis que no passado ainda tinha o cuidado
de guardar os cães à noite mas nas últimas semanas, talvez com um qualquer
colapso provocado pelo calor, voltou a deixa-los toda a noite à solta.
Pode não haver cães parvos mas infelizmente há
muito donos idiotas.
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