Cavalheirismo

“Ser cavalheiro hoje em dia é quase como ser um corpo estranho numa sociedade onde a má educação e a falta de civismo são cada vez mais uma constante.  

O cavalheirismo parece ter caído definitivamente em desuso, numa espécie de esquecimento ou amnésia colectiva. Quiçá memória de uma civilização perdida.

Comportamentos e valores que me foram incutidos desde pequeno como sendo algo de normal, de bom-tom, são hoje em dia encarados, atrevo-me a dizer, com uma certa estranheza, porque não desconfiança. Por vezes até vistos com uma inocente ternura maternal “ai que querido, tão giro, mas que atencioso” como se fosse uma habilidade feita por uma criança pequena. 

Casos há ainda em que pequenos gestos como o deixar passar primeiro a mulher, dar o lugar nos transportes públicos, abrir a porta do carro ou assegurarmo-nos que a mulher vai do lado de dentro do passeio enquanto caminhamos a seu lado são vistos como uma quase afronta à sua individualidade, à sua emancipação. O cavalheirismo não pretende ser de modo algum um insulto às mulheres ou a constatação de alguma vulnerabilidade, pelo contrário é acima de tudo um sinal de respeito. 

O mesmo se passa por vezes com as pessoas mais idosas, embora estas prezem ainda por regra estes valores. 

Para mim o cavalheirismo é uma postura perante a vida, perante os outros. É um código de comportamento que não nos deve remeter para um passado distante mas algo a preservar na nossa conduta diária, porque há valores que são intemporais”.