Se há espécie que me irrita, ainda mais em
tempos de crise, é a do novo-rico.
O novo-rico fez a sua fortuna na construção
quando ainda dava, saltou das juventudes políticas para as administrações de
empresas ou presidências de câmara, usou e abusou de dinheiros públicos e da
sua influência, colou-se às SADS de futebol como trampolins para mais altos
voos. O novo-rico é mestre no domínio da vigarice e das negociatas, à falta de
melhor termo o rei do “Chico-espertismo”.
O novo-rico veio do nada e por isso sente a
necessidade de se exibir com toda a pompa e circunstância.
O novo-rico adora contar a toda a gente o
dinheiro que tem mas declara o rendimento mínimo às Finanças.
O novo-rico conduz um Mercedes ou um BMW mas
não dispensa a santinha e o peluche no vidro ou tablier.
O novo-rico veste-se nas lojas mais caras
mas a indumentária parece saída de um best of de qualquer mercado ambulante.
O novo-rico julga-se famoso mas paga para
aparecer na VIP e na Caras.
O novo-rico adora cães mas o seu preferido
continua a ser o de louça.
O novo-rico vai aos restaurantes mais caros
mas come de boca aberta, chama o empregado por pstttttt….. ou por ó chefe……… e
faz questão de fazer-se notar.
O novo-rico não come, devora.
O novo-rico pensa que espumante é champanhe
de má qualidade.
O novo-rico julga-se chique mas não tolera um
casamento sem toneladas de marisco e leitão.
O novo-rico não viaja para se entreter ou
cultivar mas para se gabar entre amigos e conhecidos. As mais das vezes o mais
longe em que esteve foi na piscina do hotel.
O novo-rico diz que se preocupa com o
ambiente mas continua a pensar que o aquecimento global é uma solução de
climatização doméstica.
O novo-rico tem todos os canais por cabo mas
só vê os programas da manhã e a TVI.
O novo-rico julga-se fino mas não respeita as
mais elementares regras de boa educação.
O novo-rico não fala, berra.
O novo-rico acha-se erudito mas não sabe
articular uma frase e para ele os livros não são mais do que parte da
decoração.
O novo-rico tem uma Montblanc mas pouco mais sabe do que escrever o próprio nome.
O novo-rico não conhece a História de
Portugal mas é uma verdadeira enciclopédia de fofoquices.
O novo-rico nunca ouviu falar em Mandela,
Hemingway e Gaudi mas sabe na ponta da língua o nome dos concorrentes e
familiares de qualquer reality show.
A mulher do novo-rico não trabalha mas
“habita” todos os shoppings, lojas, salões de estética, cabeleireiros.
A mulher do novo-rico tem um intelecto de uma
criança de 10 anos, o interesse de um girino, é plastificada da testa às unhas
dos pés e enfeita-se que nem uma árvore de natal.
Os filhos do novo-rico “estudam” nos melhores
colégios mas não passam de pirralhos mimados e presunçosos.
(…)
Deixo-vos agora espaço para continuarem esta
“cartilha”. Beijos e abraços.
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