Escreve-se cada vez pior neste País. Há
tanto para dizer que difícil é saber por onde começar.
Substantivam-se verbos (o “comer”), é o
“disse a ela” e o “dei a ele”, utilizam-se todos e mais alguns artifícios de
suporte como o “prontos” e o “atão”, inventam-se neologismos de circunstância,
virgulariza-se tudo!
O acordo, ou melhor o desacordo
ortográfico, não é desculpa para todos os males, embora seja um dos seus
principais críticos. Escreve-se simplesmente mal.
Curioso é que os erros vêm, boa parte
das vezes, daqueles que por posição, experiência ou qualificações menos seria
de prever…mas também o que poderíamos esperar de um país repleto de “Doutores
de Faz de Conta” onde a mediocridade, mais do que premiada, é um posto. Se lhes
juntarmos os infindáveis tachos e tachinhos temos o retrato completo.
Uma das tendências que mais tenho
constatado nesta deprimente salgalhada de erros é o que chamaria de
“virgularização da sociedade”. Para que não se acuse alguém de não respeitar as
mais elementares regras de pontuação, opta-se simplesmente por bombardear,
literalmente, todo e qualquer espaço com vírgulas, tornando cada
leitura uma sofrida, e por vezes imperceptível, jornada apenas comparável na
repetição de símbolos à multiplicidade de cruzes no boletim de apostas de um
qualquer jogador inveterado.
Nesta “aldeia global” de cópias e
imitadores, terreno de uma homogeneização forçada, a defesa do nosso património
linguístico terá que ser um dos imperativos a preconizar como salvaguarda da identidade de um povo com quase nove séculos de História.
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