domingo, 19 de janeiro de 2014

"Quero Voltar para os Braços da Minha Mãe"


Vim em passo de bala,
Um diploma na mala,
Deixei o meu amor p'ra trás.
Faz tanto frio em Paris,
Sou já memória e raiz,
Ninguém sai donde tem Paz.
Quero ir para casa

...Assim canta Pedro Abrunhosa no emotivo dueto "Quero Voltar para os Braços da Minha Mãe" com Camané. 


A música é o paradigma perfeito de um país naufragado numa fatídica crise, onde dezenas de jovens são obrigados a partir todos os dias. 

Gerações de jovens altamente qualificados que se perdem, enquanto um punhado de incapazes e ardilosos perseveram e prosperam na mediocridade e clientelismo instalados.

Emigrar, ao contrário do que os “bem instalados” proclamam, não deve ser uma oportunidade numa conotação de inevitabilidade mas sim de opção, alternativa, escolha.


O que vemos são pais obrigados a abandonar os filhos sem o prazer de os ver crescer, filhos que vêm os pais partir sem poderem partilhar com eles as suas alegrias e desilusões, rumo a futuros incertos e a um reencontro sem prazo.

As crianças e jovens de hoje em dia já não se questionam “o que vou ser quando for grande” mas “que país vou escolher para trabalhar” como alguém me contava no outro dia a propósito da conversa com o filho de 12 anos.

Já dizia Eça de Queiroz,


...Até quando?

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