(cartoon por Henrique Monteiro; Sapo Cartoon)
Ousado ou irresponsável? Murro na
mesa ou o não comprometimento? A luz da salvação ou o derradeiro passo rumo ao
abismo?
O discurso do Presidente da
República foi de tal forma dúbio e omisso que deixou meio mundo a procurar
interpretar o significado e alcance das palavras do Sr. Silva de Boliqueime.
Se na cena política as posições
oscilam desde uma pretensa azia à contestação, do repúdio ao elogio, menor não
é a confusão que reina nos media não só em Portugal como no estrangeiro. “O
Futuro de Portugal depende do meio de comunicação social que se está a ler”,
escreve o Expresso.
Quando a situação exigia uma
tomada de posição firme, fosse no sentido da dissolução da Assembleia ou na
viabilidade da remodelação do Executivo, o discurso de Cavaco Silva veio lançar
ainda mais a confusão e colocar as próximas semanas plenas de intrincadas interrogações.
Se não vejamos:
1º Cavaco rejeita para já a
dissolução da Assembleia e consequente convocação de eleições antecipadas,
considerando tal ser contraproducente às “reformas em curso”, advogando que o
Governo se encontra na plenitude das suas funções.
2º Ao mesmo tempo que parece
primar pela subsistência da legitimidade do actual Executivo, não se pronuncia
sobre a remodelação governamental proposta por Passos Coelho depois do “golpe
palaciano” desencadeado pela demissão “irrevogável” de Portas. Obrigará Cavaco
à manutenção do actual figurino do Executivo, determinante na ruptura ou
quase-ruptura da Maioria?
3º Por outro lado, independentemente
de se proceder ou não à remodelação governamental, será legitimo colocar (ou parecer
colocar) a sobrevivência do Actual Executivo dependente de um “Compromisso de
Salvação Nacional” a ser assinado pelos partidos subscritores do memorando de
entendimento com a Troika (PS, PSD, CDS)? Mais estranhamente, fará como um dos
pontos a reter nesse compromisso o agendamento de eleições antecipadas a ter
lugar no próximo ano após a saída da Troika?
4º E que “Compromisso” é este que
nas palavras de Cavaco será um “um acordo de médio prazo, que assegure, desde
já, que o Governo que resulte das próximas eleições poderá contar com um
compromisso entre os três partidos que assegure a governabilidade do País, a
sustentabilidade da dívida pública, o controlo das contas externas, a melhoria
da competitividade da nossa economia e a criação de emprego”? Um mero memorando
de entendimento? Uma carta de princípios? A enunciação de medidas-chave?
5º Será legítimo ao Presidente pré-agendar
eleições legislativas para não menos do que daqui a 11 meses quando constitucionalmente
“só pode demitir o Governo quando tal se torne necessário para assegurar o
regular funcionamento das instituições democráticas, ouvido o Conselho de
Estado”? (Obs: Pessoalmente considero que estão reunidos todos os predicados
para se promover de imediato essa solução).
6º Voltando ao “compromisso de
salvação nacional” (não me canso deste termo), de que forma pode Cavaco
expectar alcançar um acordo de fundo entre uma maioria desgovernada e um PS que
exige a realização de eleições antecipadas? Chantagem sobre Seguro? Decapitação
dos líderes dos três partidos, tomados (quiçá) por Cavaco como os grandes
agitadores deste clima de convulsão política? Expectativa de promover um
Governo de iniciativa presidencial caso falhe o “Compromisso”? E se sim, de
onde viria a legitimidade conferida pela Assembleia para lhe permitir essa
prerrogativa? Ao mesmo tempo será permitido a Cavaco alienar puramente PCP,
Verdes e BE de qualquer decisão a tomar?
Quanto a mim o discurso do
Presidente da Republica não me entusiasmou, não me motivou e certamente não se
me afigura como uma resposta para a actual crise. Acima de tudo creio que Cavaco
procurou não se comprometer, descartando-se de quaisquer responsabilidades
(quando muitas são as que se lhe podem apontar no cartório), procurando salvar
a pele para a história com um “ depois não digam que nada fiz”. Nas suas
palavras, se o “compromisso não for alcançado, os Portugueses irão tirar as
suas ilações quanto aos agentes políticos que os governam ou que aspiram a ser
governo”.
E assim continuamos a navegar num
mar de incertezas, por manifesta incapacidade ou arrogância dos nossos
principais líderes políticos.
Em meu entender, usando a gíria futebolística, o (P)Residente em Belém "Chutou para Canto"... e a bola passou agora para Tozé(IN)Seguro. Veremos agora a atitude do Líder do PS... Ou forma a TroikaTuga com os Passos do Coelho e o Hiper Ministro PSP (Paulo Sacadura Portas)... ou - para não ficar chamuscado - decide ser um líder firme, assertivo, determinado e SEGURO das suas opções rejeitando qualquer acordo ou pacto de regime com os outros dois morcões. O País - que já aguentou sacrifícios Indescritíveis e Indesmentíveis, como o próprio Ex-Ministro das Finanças reconheceu na sua carta de despedida,e que foram inúteis, dado terem saído goradas todas as expectativas do próprio Professor Gaspar - continua a guardar cenas dos próximos capítulos desta novela que lhe vai envenenando a vida.
ResponderEliminarEm meu entender, usando a gíria futebolística, o (P)Residente em Belém "Chutou para Canto"... e a bola passou agora para Tozé(IN)Seguro. Veremos agora a atitude do Líder do PS... Ou forma a TroikaTuga com os Passos do Coelho e o Hiper Ministro PSP (Paulo Sacadura Portas)... ou - para não ficar chamuscado - decide ser um líder firme, assertivo, determinado e SEGURO das suas opções rejeitando qualquer acordo ou pacto de regime com os outros dois morcões. O País - que já aguentou sacrifícios Indescritíveis e Indesmentíveis, como o próprio Ex-Ministro das Finanças reconheceu na sua carta de despedida,e que foram inúteis, dado terem saído goradas todas as expectativas do próprio Professor Gaspar - continua a guardar cenas dos próximos capítulos desta novela que lhe vai envenenando a vida.
ResponderEliminarolá tens um blog giro!
ResponderEliminarjá conheces o meu?
http://decormaresilva.blogspot.pt/
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