Cresci a ouvir falar de Nelson Mandela, incontornável
herói sul-africano da luta contra o odioso regime do Apartheid e símbolo
universal da perseverança, da tolerância e da justiça.
Li os seus discursos, vi atentamente os seus
documentários. Tomei como de todos a sua luta, emocionei-me com a sua
libertação. Madiba, como é carinhosamente tratado por aqueles que lhe são mais
próximos, enfrenta por estes dias uma difícil luta contra o último
suspiro.
Sendo Mandela um dos meus incontestados ídolos, estava
ainda em falta com a leitura da sua autobiografia “Long Walk to Freedom”, a
qual iniciei há dois dias. As cem primeiras páginas voaram num ápice, fruto de
uma narrativa despretensiosa e apelativa que retrata a sua vida, desde a
infância à luta pela libertação, do cárcere de 27 anos à histórica eleição como
primeiro presidente negro da África do Sul.
Qual contador de histórias, Mandela transmite-nos
passo a passo os episódios e pessoas que o marcaram e que moldaram o seu
carácter e ideais como hoje os conhecemos.
A personalidade digna e humilde de Mandela é bem
patente desde tenra idade. É impossível ficarmos indiferente a passagens como
esta:
“Tinha sete anos
e, na véspera do início das aulas, o meu pai chamou-me de parte e disse-me que
devia ir vestido em condições para a escola. Até àquela altura, eu, como todos
os outros meninos de Qunu, só tinha usado um cobertor, enrolado à volta de um
ombro e preso à cintura. O meu pai pegou num par de calças das dele e
cortou-as pelos joelhos. Disse-me para as vestir, o que fiz, e eram mais ou
menos do comprimento certo, embora a cinta fosse demasiado larga. O meu pai
pegou então num pedaço de fio e cingiu-me as calças à cintura. Eu devia ter um
aspecto cómico, mas jamais voltei a ter um fato de que me orgulhasse tanto como
das calças cortadas do meu pai”.
I was seven years old, and on
the day before I was to begin, my father took me aside and told me that I must
be dressed properly for school. Until that time, I, like all the other boys in
Qunu, had worn only a blanket, which was wrapped around one shoulder and pinned
at the waist. My father took a pair of his trousers and cut them at the knee.
He told me to put them on, which I did, and they were roughly the correct
length, although the waist was far too large. My father then took a piece of
string and cinched the trousers at the waist. I must have been a comical sight,
but I have never owned a suit I was prouder to wear than my father’s cut-off pants.
No momento em que se está em curso a adaptação
de “Long Walk to Freedom” ao cinema, apesar da minha natural curiosidade,
receio que apenas um actor seria capaz de encarnar o carisma de Mandela no
grande ecrã. Falo claro de Morgan Freeman, que aliás já o fez de forma
irrepreensível em “Invictus” de Clint Eastwood.
Quanto a mim, obrigado Madiba pelo exemplo de vida e
de coragem. A luta tão difícil que estás a travar é mais uma vez de Todos Nós.
Uma bonita homenagem a um homem que tornou o Mundo um bocadinho melhor.
ResponderEliminarUm beijinho,
Carmen