Sábado, 7 de Julho de 2013, 11 horas, o termómetro já
marca perto de 40º. Sem grande vontade mas sem escapatória, parei num Pingo
Doce perto de casa.
Se cá fora o calor era insuportável, lá dentro reinava
o verdadeiro inferno. Filas e filas de gente, atropelos e pequenas discussões
compunham o cenário. Parecia que o Mundo ia acabar e alguém se tinha esquecido
de me avisar.
Como me preparava para rumar para casa de uns amigos
para um dia bem passado junto à piscina, relaxei e procurei tentar tirar o
melhor partido da situação. No meio da confusão, uma pequena disputa tomava
lugar na "Caixa Prioritária". A razão, um casal de meia-idade que
levava o neto de 3 / 4 anos ao colo e irrompeu pela fila adentro.
Pacientemente na fila de espera ao lado, fui observando
os comentários e reacções de quem tinha ficado para trás na fila, que, diga-se
de passagem, de "prioritários" nada tinha.
Ora então
uma senhora nos seus 50 e muitos anos dialogava com um casal na casa dos
trintas. Os três comentavam irritados a chico-espertice que reinava em Portugal
ao mesmo tempo que questionavam a existência ou não das caixas prioritárias.
Com a
discussão do que deveria ser considerado como bebés de colo como premissa iam
discorrendo num verdadeiro ataque às caixas prioritárias. Argumentava-se que
mesmo os prioritários podiam esperar e a senhora mais velha arrasava com
pérolas como “Para mim acaba-se com estes expedientes, também tenho uma pessoa
de muletas lá fora à minha espera e lá por causa disso…”
O certo é que olhava para todos aqueles que
esperavam na fila prioritária e não via a um qualquer limitação, a não ser
mental, que os qualificassem a estar naquela fila, sobretudo quando o supermercado
estava completamente cheio.
Poder-se-ia questionar a idade da criança como factor prioritário
ou não (a regra para bebés de colo parece que é 2 anos) mas ao menos ao casal
com o neto dava-se o benefício da dúvida. Os restantes não mais eram que 15
marmanjos e marmanjas a bufar por todos os lados.
Sinceramente é minha opinião que ao invés de “Caixas
Prioritárias” este tipo de Caixas deviam ser exclusivas, pelo menos quando os
supermercados se encontram a abarrotar. Ao mesmo tempo concordo que há que parar
com alguns casos que apenas denotam esperteza saloia e em nada contribuem para
a “reputação” destes canais prioritários.
Numa pequena pesquisa pela web notei uma lista
infinita de casos de desrespeito por aqueles para os quais efectivamente esta
facilidade é criada. Desde uma senhora de quase de 60 anos que saturada afirmou
que também estava grávida até outra sexagenária que barafustou que não era
menos que os outros e recusou deixar passar à frente duas grávidas. Nada de estranhar
perante a assustadora crise de valores que se instalou.
Uma coisa é certa, ir ao fim-de-semana ao Pingo Doce é
quase garantia de uma interessante experiência sociológica.
Sem comentários:
Enviar um comentário