"UMA CAMISOLA, VÁRIAS EMOÇÕES", é o mote do Sport Lisboa e Benfica para as Modalidades e o paradigma do desporto nacional. Os clubes de futebol são as únicas agremiações desportivas em Portugal com capacidade de aglutinar massas em torno de uma modalidade desportiva ou vetá-la ao puro amadorismo.
Clubes como o Benfica, o Porto e o Sporting mais do que "obrigados a", têm, diria, a responsabilidade social de serem ecléticos, isto apesar das muitas discussões que periodicamente se levantam sobre a sustentabilidade financeira das modalidades ditas amadoras (isto apesar de parte, em bom rigor, ter adquirido o estatuto de profissional ou semi-profissional).
Veja-se o que sucedeu com o ciclismo, modalidade rainha no desporto nacional, que enchia jornais nos anos 70 e 80, altura em que os três grandes rivalizavam no pelotão nacional, ou já mais tarde, no final dos anos 90, quando o Benfica decidiu voltar à estrada, contratando grandes nomes da modalidade. Hoje são basicamente os nossos "emigrantes como Rui Costa que ainda nos recordam da importância tida pelo ciclismo noutras épocas, salvo a euforia (e em assinalável queda) que ainda se vive na Volta a Portugal.
Casos há, pelo contrário, de modalidades que viviam na penumbra do amadorismo, pautando-se por recortes ocasionais nos jornais desportivos e que agora ostentam um mediatismo revigorado face à entrada dos clubes mais emblemáticos do futebol nacional.
O caso do futsal, provavelmente a segunda modalidade com maior destaque a seguir ao futebol, é disso expoente máximo. Um derby Benfica - Sporting tem hoje um impacto mediático e social quase comparável aos duelos que se disputam nos relvados da Luz e de Alvalade.
Fale-se também de outras modalidades, sobretudos as colectivas, como o volley, o basquete e o andebol que só conhecem pavilhões cheios quando estão presentes os colossos de Lisboa ou do Porto.
Clubes não associados ao desporto-rei como o ABC no andebol, o Óquei de Barcelos no hóquei em patins ou o Fonte Bastardo no volley são cada vez mais raras aparições no panorama nacional, tendo perdido porém grande parte da sua capacidade em ombrear com os clubes vindos da esfera do futebol. Para além dos chamados "grandes", saliente-se os casos de Belenenses, Braga, Guimarães, Rio Ave, Académica, entre outros, que vão surgindo noutros desportos.
Não se pense porém que esta realidade é exclusiva do desporto português. O mesmo fenómeno passa-se por regra nos países do Sul da Europa. Real Madrid e Barcelona disputam duelos electrizantes no basquetebol, na Liga que é chamada de NBA da Europa, muito por força da capacidade financeira destes dois gigantes. É no Norte da Europa que esta realidade vai perdendo força. Os clubes dedicam-se geralmente a apenas uma modalidade. Futebol é futebol, rugby é rugby e não é por isso que os estádios ou pavilhões conhecem menos adeptos.
Os EUA são o culminar desta realidade que se opõe diametralmente à portuguesa. Um habitante de Boston é ao mesmo tempo adepto dos Celtics (basquete), Bruins (hóquei no gelo) e Red Sox (baseball), tal como um natural de Nova Iorque festejará pelos Knicks, Rangers e Yankees, respectivamente.
É um aspecto cultural, não se objecte quanto a isso mas igualmente revelador de uma mais limitada cultura desportiva em países como Portugal.
Inquestionável é porém que os principais clubes de futebol estão umbilicalmente ligados à subsistência das principais modalidades desportivas.
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