domingo, 5 de janeiro de 2014

Até Sempre Pantera Negra!



Num dia triste de Janeiro parte Eusébio da Silva Ferreira. Parte Eusébio, porque os grandes campeões não morrem, caminham pela eternidade.

Nascido em 1942 Lourenço Marques (Moçambique), actual Maputo, no bairro pobre de Mafalala, Eusébio sempre se mostrou um homem humilde, respeitoso, afectuoso, ciente das suas origens, tendo na sua mãe, Dona Elisa, a sua grande referência, alguém que moldou o seu carácter na luta diária que mantinha para educar os filhos depois da morte prematura do pai de Eusébio quando este tinha 8 anos.


A sua humildade, o seu carácter modesto ficaram bem patentes quando chegou ao Benfica com 18 anos, um menino a quem todos auspiciavam um futuro risonho mas que tratava os seus colegas mais velhos como Coluna e José Augusto por Senhor.

Eusébio, o mítico Pantera Negra, deixa-nos num momento em que Portugal atravessa um dos momentos mais duros da sua história moderna, em que a esperança é vã e quão falta nos fazem referências como a de Eusébio. 


Um símbolo de Portugal, de perseverança e de coragem que ficará para sempre nos nossos corações, porque Eusébio é mais do que uma referência do desporto nacional e mundial, a sua dimensão em muito transcende a do futebol. É uma figura impar do Benfica, de Portugal que superou quaisquer noções de fronteira, tempo ou geração.

Nunca vi jogar Eusébio, nasci em 1980 pouco meses depois de ter decidido pendurar as chuteiras, curioso é que emociono-me com os seus golos,  com as suas jogadas estonteantes como se o tivesse visto ao vivo a espalhar a sua magia pelo relvado.

Valemo-nos das fotos, dos vídeos mas sobretudo do relato apaixonado dos nosso pais, tios e avôs que nos fazem viajar até ao Benfica bicampeão europeu dos anos 60 e ao vibrante Mundial de Inglaterra em 66. 


Quem nunca ouviu falar do mítico 5-3 à Coreia do Norte, com um póquer de Eusébio, da vitória sobre o Brasil de Pelé, das lágrimas de Eusébio na injusta (e polémica) eliminação aos pés da Inglaterra e da consagração do 3º lugar na vitória sobre a União Soviética do "Aranha Negra" Lev Yachine.


Eusébio ganhou o epíteto de Pantera Negra pela sua velocidade, força, instinto e destreza aos quais aliava a técnica e precisão do potente disparo de pé direito.  Na perniciosa questão de quem é o melhor de sempre, comparando-se nomes como os de Eusébio e Pelé aos de Ronaldo e Messi, atente-se nas palavras de Mourinho

"Numa geração, e numa altura completamente diferente, foi aquilo que foi. Ao fazer um paralelismo com o que são agora os melhores do Mundo, tem de se pensar no que ele poderia ser hoje, se tivesse 20 ou 30 anos e fosse jogador de futebol. Sem os meios e máquinas que há agora por trás [do fenómeno do futebol], conseguiu coisas incríveis."
Há jogadores que são simplesmente intemporais, grandes em qualquer momento da História. Eusébio, o Pantera Negra, o King, teve o privilégio, o justo privilégio diga-se, de ter tido o devido reconhecimento em vida.

Adeus Eusébio, nosso herói, nosso legado. Hoje choro como benfiquista mas acima de tudo choro como português.


 Até Sempre Pantera Negra!


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