Se há coisa no mínimo curiosa é constatar que sempre
que há um assalto ou qualquer crime violento com impacto mediático os
ex-vizinhos quando questionados respondem “Era um excelente rapaz; uma joia de
moço; muito educado; de boas famílias; nunca suspeitei de nada, parece
mentira”.
Contam-se pelos dedos de uma mão as vezes que ouvimos
dizer que determinado indivíduo era um pulha, um canalha ou “que já se
estava a adivinhar” ou um “eu bem avisei e ninguém fez caso!”
Mas que estranha falta de percepção ou intuição é esta
que nos tolda o raciocínio? Seremos nós incapazes de detectar um potencial
pedófilo ou homicida só porque de certa forma é alguém que nos é, vagamente,
próximo. Será que não conseguimos ler alguém de forma negativa apenas porque
nos cumprimenta com o habitual “Bom dia” ou “Boa tarde”. E o que dizer quando
se trata de amigos ou familiares próximos?
É um facto que não podemos esperar detectar um
criminoso ou um predador sexual apenas pelo aspecto físico estranho, uma rotina
(ou falta dela) questionável ou por uma indumentária alternativa…Também os há é
certo mas na maior parte dos casos deparamo-nos com indivíduos para lá de
qualquer suspeita, apenas mais um cidadão
entre muitos.
Se nos debruçarmos sobre esta realidade é algo
realmente assustador, seria bem mais fácil conseguirmos colocar uma etiqueta em
todos os potenciais criminosos. A pseudo normalidade inerente à maioria de cada
um destes seres errantes é um logro com que temos que viver.
Este panorama é transversal não conhecendo barreira
geográficas ou de classe social. Veja-se a incredibilidade daqueles que lidavam
com os irmãos chechenos responsáveis pelos hediondos atentados de Boston quando
confrontados, isto apesar de o irmão mais velho ter questionáveis ligações a
movimentos religiosos extremistas e constar da base de dados do FBI.
Já diz a sabedoria popular “o perigo vem de onde menos
se espera”.
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