segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Anatomia de uma Comédia Romântica




Muito apreciado pelo sexo feminino, recém-apaixonados e românticos incuráveis, a comédia romântica é o típico filme-pipoca em que a ficção em muito ultrapassa, porque não dizer distorce, a realidade.
Os clichés, os lugares-comum, a piada e a lágrima fácil são presença incontornável.

Ousaria dizer que a comédia romântica é tão surpreendente quanto um combate viciado e tem tanto de verosímil quanto um político em plena campanha eleitoral.

A premissa-chave, o amor impossível entre um homem e uma mulher ditado por razões sociais, económicas ou de mera personalidade.

Ao contrário do mito do “príncipe encantado” de que tanta gente fala, afirmaria que o personagem masculino nestes filmes é essencialmente retratado como o “cavaleiro errante”, o duro com coração mole que no fundo se sente só e quer ser apenas amado, mesmo que no início do filme prefira partilhar o leito com 1001 mulheres…Qual Hugh Hefner!  

A mulher, por seu lado, surge geralmente como a idealista inveterada ou a eterna sonhadora que crê na analogia do “amor e uma cabana” mas que se encontra profundamente desiludida com os homens.

Usando alguns personagens recorrentes: Ele é o playboy incurável, ela a feminista aguerrida; ele é o poderoso magnata, ela a apaixonada proprietária de um pequeno negócio de família; ele é o egocêntrico menino mimado da grande cidade, ela a doce mas ingénua rapariga acabada de chegar da província…

Hoje em dia, porém, na promoção da justa equidade de géneros, os papéis vão-se invertendo cada vez mais. Ela agora é a mulher de negócios de sucesso ou a actriz famosa, ele o bom rapaz desconhecido.

A estrutura já a sabemos:

1. Boy meets girl, girl meets boy. No “primeiro round” detestam-se ou, na melhor das hipóteses, ignoram-se.

2. Dizem aos respectivos amigos que não o/a suportam. "Ele/ela é insuportável!Que ódio"

3. Apaixonam-se, fingindo-se para si próprios muito surpresos…Comoção geral.

4. Um súbito e inesperado evento deita tudo a perder...É a desilusão, a tristeza! No cinema desdobram-se os lencinhos para limpar as lágrimas.

5. O apoteótico final… Quanto tudo parecia perdido, lá vem a injecção de romance de algibeira, porque o amor tudo vence, tudo é esquecido… E viveram felizes para sempre…The End! (Ouvem-se suspiros, passarinhos cantam, magia no ar…).


Em suma, diria que a comédia romântica, salvo raras excepções  (Chocolate, Notting Hill, Pretty Woman, Feitiço do Tempo, entre outros) é uma tortuosa maneira de passar o tempo, sorvendo algo com a substância de uma qualquer revista Maria. No duelo entra a comédia romântica e o conjunto de facas japonesas da TV Shop, que venha o tédio e escolha!
 

2 comentários:

  1. Eheheheh :)))
    Nem mais...excluo o Chocolate, evidentemente, de resto, comédias românticas não são de todo a minha praia.
    No final ainda sou capaz de descobrir maior utilidade nas facas japonesas...conseguem ser mais surpreendentes :D

    Beijos*

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  2. Olha que estava a precisar de umas Eduarda lol, sem dúvida úteis. Beijo

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