"Entre a planície e o mar imenso há uma
serra coberta de florestas primitivas e mato denso que acolhe e dá refúgio a
centenas de espécies", assim começa a narração do filme "Arrábida da
Serra ao Mar", de Luís Quinta e Ricardo Guerreiro, que estreou hoje na
SIC. Para quem não teve oportunidade de o ver, sugiro que o façam logo que
possam.
O filmo-documentário retrata-nos a importância e
belezas ímpares de um património que é nosso mas que por muitas vezes é
esquecido. Na Serra da Arrábida há uma profusão apaixonante de vida e cores,
sendo que nela habitam algumas espécies animais e vegetais únicas no mundo.
A reserva do Parque Natural da Arrábida, criada
em 1976, estende-se por uma área aproximada de 10.800 hectares. Tal como a
flora, repleta de plantas únicas e árvores centenárias, a fauna é bastante diversificada, sendo que nela vivem desde majestosas aves
de rapina a elegantes raposas e pequenos mamíferos, desde peculiares insectos a esguios
repteis.
Luís Quintas na realização e Ricardo Guerreiro na
fotografia fazem-nos chegar este apaixonante trabalho que tomou anos mas que tem
o notável efeito de nos manter deslumbrados e porque não dizer orgulhosos nos
50 minutos em que dura a película
No documentário é também abordada a riqueza do
estuário do Sado e das cristalinas águas repletas de vida marinha que banham
a Arrábida, bem como a própria riqueza do seu património geológico, fruto de
milhares de anos de evolução.
Quero dar os meus sinceros e merecidos parabéns
aos criadores deste arrebatador documentário que me fez descobrir segredos
que desconhecia de uma região que me viu crescer desde a mais tenra idade. É
impressionante o quanto há por explorar na majestosa serra que se ergue em toda
a sua complexidade e biodiversidade.
Eu diria que esta película é acima de tudo um
filme sobre a própria vida. Quanto poderíamos nós aprender do magnífico mas
frágil ecossistema e da complexidade de relações que nele se estabelecem. O
ciclo da vida, nas suas mais diversas etapas, a resistência perante a
adversidade, a ambiguidade com que um ser vivo passa de um momento para o outro de predador a presa…Notável!
Triste e criminoso é que um terrível flagelo
chamado "Secil" continua a destruir, com o patrocínio do Estado, tão
valioso património, apesar do pretenso "trabalho de reflorestação
que tem vindo a ser feito". É visível é certo mas usando uma analogia
diria que não mais é do que pôr um penso rápido num membro amputado.
“A serra da Arrábida é um lugar belo que encerra
um património natural único, pelo que nunca será demais salientar a importância
da sua conservação e garantir às gerações futuras este legado tão
valioso".
Esta é um das últimas frases do filme que para além de
apelar para a conservação deste verdadeiro "tesouro vivo", pretende
também reforçar a candidatura deste magnífico ecossistema a Património Mundial
da Unesco.
Brilhante documentário que nos mostra de forma impar a beleza da reserva do Parque Natural da Arrábida.
ResponderEliminarConcordo em pleno com o teu comentário em relação à Secil: "Triste e criminoso é que um terrível flagelo chamado "Secil" continua a destruir, com o patrocínio do Estado, tão valioso património, apesar do pretenso "trabalho de reflorestação que tem vindo a ser feito". É visível é certo mas usando uma analogia diria que não mais é do que pôr um penso rápido num membro amputado."
É mais uma daquelas situações infelizes com que o nosso Estado compactua e que nunca terá uma solução. Esperemos que não seja um factor de exclusão para que está magnífica reserva venha a tornar-se em Património Mundial da Unesco!
Esperemos que ñ e que possa estar aí a "desculpa" para retirar-se aquela aberração de vez
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