"Acredito que Martin Luther King concordaria
comigo se fosse vivo hoje...se tivesse sido dado aos afro-americanos o direito
do uso e porte de armas desde o dia um da fundação do nosso país, talvez a
escravatura nunca tivesse sido um capítulo na História da nossa Nação".*
Estas inacreditáveis e insultuosas palavras são da
autoria do "iluminado" Larry Ward, presidente e principal impulsionador
do "Gun Appreciation Day".
No momento em que uma América manchada pelo sangue de
milhares de civis discute sob o alto patrocínio de Barack Obama o direito de
compra e posse de armas, grupos de "alegres" energúmenos, com
ligações ao Tea Party e organizações conservadoras (usando o eufemismo para não
dizer extremistas), celebraram no passado dia 19 de Janeiro o "Dia de
Apreciação das Armas".
Na base do "protesto" a discussão em torno da 2ªemenda constitucional,
a qual, fruto de uma polémica e exacerbada interpretação extensiva do Supremo
Tribunal Federal de Justiça (em duas decisões judiciais tomadas em 2008 e 2010),
proclamará o direito individual ao uso e posse de armas.
O lobby da indústria de armamento nos EUA
é poderosíssimo. Por ano morrem nos EUA cerca de 30 mil pessoas vítimas de armas
de fogo, sendo que o número de feridos ascende a 100 mil. Números que não destoariam
de um qualquer mal-afamado país terceiro-mundista.
A escolha do dia 19 de Janeiro não foi por
certo inocente, tendo ocorrido dois dias antes da celebração do “Martin Luther
King’s Day”, feriado federal que assinala o nascimento do icónico activista pelos
direitos e liberdades civis, cobardemente assassinado a tiro a 4 de Abril de
1968 em Memphis, no Tennessee.
Evocar Martin Luther King
para defender o direito ao uso e posse de armas, afirmar que a escravatura
poderia ter sido evitada se os negros tivessem tido direito às armas desde o
primeiro momento da fundação dos EUA, não só é insultuoso para todos aqueles
que pereceram como é um afronta e uma renovada sentença de morte para que hediondos
massacres como os de Columbine e Sandy Hook se repitam.
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