terça-feira, 16 de outubro de 2012

"Metrofulhice"




Num país que ao que parece já não vai de tanga mas nu, não bastando as penosas (para não dizer criminosas) medidas de austeridade (perdão, de “Consolidação Orçamental”), vemo-nos ainda confrontando com um défice (palavrão tão em voga) na relação entre serviços prestados e valor pago. Hoje falarei apenas nos transportes colectivos.

Para quem trabalha no centro de Lisboa como eu, o metro é sem dúvida o transporte de eleição.

Ainda numa data não muito distante andar de metro significava poupar tempo e dinheiro. Meio de transporte rápido, confortável, acessível, levava-nos aos principais pontos da cidade.

Hoje em dia andar de metro é uma aventura ou melhor é uma autêntica tortura (que essa história do Sado-Maso é coisa para meninos).

A fusão do Metro de Lisboa com a Carris, entendo-se as razões de fundo para tal, foi o gatilho de todo um processo autodestrutivo na qualidade do serviço prestado. O preço tem disparado de forma vertiginosa e o novo “Passe Navegante”, triste homenagem aos nossos antepassados, tornar-se-á obrigatório para todos a partir de Janeiro. Mas por que raio quero eu pagar mais para ter acesso à rede Carris e CP se só pretendo andar de Metro? Muito atenciosos estes senhores sem dúvida, ver se não me esquece de lhes comprar uma “lembrancinha” pelo Natal.

Diminuíram-se comboios e carruagens, aumentou-se o tempo de espera, reduziu-se a velocidade (qualquer dia salto da carruagem e prometo que vou dar um empurrãozinho). As “perturbações na linha” tornaram-se numa estranha constante. As pessoas perderam a sua individualidade sendo amontoadas aos magotes, qual carneirada a caminho do matadouro, atropelando-se e acotovelando-se pelo direito a um espaço cada vez mais exíguo! Estou em crer que estará para breve a contratação daqueles profissionais japoneses versados na arte de empacotar pessoas no metro de Tóquio. Já viram algum vídeo? É como se falássemos de um mega e alucinado jogo de lego humano.

Pelo andar da carruagem (haverá melhor expressão) qualquer dia pego no capacete, fatinho e bicicleta e ala que se faz tarde!



1 comentário:

  1. Assino por baixo este post. Já há alguns meses que pago o triste "passe Navegante" porque, segundo os Senhores do Metropolitano de Lisboa como só passei a ser utilizadora há pouco mais de 5 meses já tenho de pagar a fusão metro/Carris. Sempre me insurgi com esta situação, porque raio tenho eu de pagar a Carris se nunca ando de autocarro?! E segundo desde que utilizo o metro com maior frequência noto que um precurso que era relativamente rápidO passou a levar uma eternidade, enquanto dantes havia um metro de 2 em 2 minutos agora chega a demorar 6 ou 7 para além das interrupções na linha.

    O que era para mim um precurso simpático, deixar o carro no estacionamento e ir no metro sentada a ler até ao local de trabalho transformou-se no horror dos meus dias!:(

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